quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

ESTE CHÃO QUE SINTO...


Como em queda livre, um dia percebemos que nos falta o chão que queríamos que estivesse ali… e na verdade, mesmo já depois de uma vida de treino como os mais audazes trapezistas, ainda é sempre como a primeira vez que nos tiram a rede

Como num voo picado, um dia deixamos de ouvir um dos motores que avariou sem aviso… e mesmo como sobreviventes experientes em usar pára-quedas, nós sentimos o coração arritmar, o sangue fugir das veias e a alma longe de nós

É como plantar uma flor nocturna, que se fecha, que não a sentimos, não nos olha, apenas está ali, por ali... E apesar de tanto tempo a sós, de aprender a ter um canteiro vazio, abre-se no peito uma cratera estéril, um espaço por preencher...


Mas...
se hoje, ainda é chão que toco, e o fogo quer ficar,
se não termina o desejo de rodopiar, saltar e dançar,
ou de desenhar neste céu linhas brilhantes,
Nem morre a vontade de ter um campo florido
por instantes, momentos, dias, até...
Se procura ainda absorver este perfume vivo de cores garridas,
Então...
o coração pulsa, a alma regressa e estes olhos pintam de sonhos a paisagem…
 
 

2 comentários:

  1. Poema atrás de poema, a tua paixão transmite-se pela sagacidade das palavras e pela inspiração de momentos sofridos! :'(

    Lê-sede forma fluída!

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    1. a vida que nos invade dá-nos letras para a expressar, e quando o coração se enche de sentimentos... os nossos dedos não conhecem repouso...
      de bons e maus momentos se faz a vida... mas que sejam os melhores que nos inundem os nossos dias, a nossa vida <3

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