quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

~~§~ ATÍPICA ~§~~



escrevi-me de vida,
 de momentos percorridos 
nas distâncias íntimas
com a voracidade inanimada da fome,
na procura de reservas profícuas
e,
exposta ao desafio,
devoraram-me por muito e quase nada!


sobrevoaram olhares sobre este nado-atípico,
ímpar reflexo de ser,
em pensamentos masturbados por sons da vida,
forçados ou libertadores e 
vividos em espasmos,
respigaram-me do silêncio desiludido
e
semearam-me na planície despida!
procuraram no legado das renúncias

no verso das folhas cortadas,
até chegarem ao ser marcado na íris


num momento solto escutei esse olhar
emergido num instante reencontrado.
redimi-me ao senti-lo chegar
e
preencheu o atípico lugar despido, vivo.
vagueou no preâmbulo ainda inconsciente
e
flutuámos em danças lunares

mas
num registo derrocador
subiu neblina cerrada
a cegar este azul anilado,
e... 
escalpei o meu ventre, 
que pariu um eco profundo,
raspado dos ventrículos purpúreos.
agarrei-me com os dedos gelados 
na iminência do impacto irreversível  
e
no momento vertiginoso,
resgataste-me do remoinho incessante, 
consumidor de voz

permiti-me respirar
persistência por um sonho,
este sonho
e
por mais momentos... 
atípicos!

.


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O VOO DAS MARIPOSAS


Naquele dia de primavera 
as Mariposas voavam 
e prenderam-se nos meus cabelos

Salpicaram de cores os meus olhos 
e desapareceram sob a minha pele
Senti o seu bater de asas pelo meu corpo
aceleraram o pulsar do meu coração

E como num primeiro voo, 
a inexperiência atrapalhou as acrobacias
E um dia as mariposas, moribundas, 
estavam prestes a desistir,
não viam o céu, só soturna escuridão…

A tempestade amainou 
e veio uma brisa de palavras, 
um calor de sol falado
E pela minha pele translúcida 
as mariposas moribundas escutaram aquele calor
Reanimaram-se num suspiro profundo

E hoje voltei a sentir 
o veludo das suas asas coloridas a abrir, suavemente, como q a medo…
Fez-se um breve silêncio, 
depois um alvoroço dentro do meu corpo

- As borboletas não morreram! Voltaram a voar

E as suas cores voltaram a pintar 
o céu da minha boca