segunda-feira, 19 de agosto de 2013




hoje senti que a minha alma me procurava
hoje deixo que me pegues e tomes como tua
hoje ouço o teu gemer, o teu som de conquistador
e entrego-me

ontem chorei aquela ausência da nossa mistura

ontem despejei a saudade em rios manchados de noite
ontem rasguei o equilibrio e reconstruí o caos
e olhámo-nos

amanhã correrei para o aconchego que me chama

amanhã levantar-me-ei devagar mas sem parar
amanhã agarrarei a tua mão, sem apertar, só para te sentir
e viveremos

hoje recupero da dor d'ontem e preparo-me para a vida d'amanhã

acompanhas-me?

AS VIDAS SÃO RIOS DE PALAVRAS




As vidas vivem-se intersectadas
Com os sons que emitimos
Segmentos de prazer e de dor
Corações verbais que guardam sensações

As vidas vivem-se paralelas
Mas vivem-se com os cheiros que se escolhem
Odores perfumados das memórias de prazer
ou podres de arrependimento e de raiva

As vidas vivem-se perpendiculares
Correntes apressadas que arrastam valores
Secantes no círculo da amizade
Gotas de mel ou de fel

As vidas vivem-se distantes,
Mas vivem-se com as cores que escolhemos
Paletas quentes de almas que não ferem
ou frias como as almas infelizes, arrependidas

As vidas vivem-se com as palavras que dizemos
As vidas cortam-se com as palavras imprudentes, como barragens

As vidas sorriem com as palavras de corações felizes

A vida é um rio que corre com as palavras

Escolhe o leito do teu rio e...
Deixa as tuas águas beijarem margens macias, brancas
Abre o teu coração para que se inunde de sol

Porque os dias comunicam-se [também] pela escrita